O Túnel de Ezequias: Uma jornada pelas águas da antiga história bíblica em Jerusalém

O responsável pela popular conta na rede social 𝕏, Darwin to Jesus, afirma que, inicialmente, considerava a Bíblia como mitologia ou contos de fadas. No entanto, uma análise cuidadosa das evidências arqueológicas revelou o contrário.

Por meio de 10 exemplos convincentes, são apresentados achados que corroboram relatos bíblicos, incluindo o Túnel de Ezequias em Jerusalém — um antigo canal subterrâneo mencionado repetidamente nas escrituras — listado como o oitavo exemplo.

Descoberto em 1867 por Charles Warren, o túnel corresponde à descrição encontrada em textos hebraicos antigos. Em Israel, a descoberta de tesouros antigos que sustentam o relato bíblico é frequente e acessível.

O rei Ezequias, que governou Judá no século VIII a.C., ordenou a realização de um notável projeto de construção para fortalecer Jerusalém e protegê-la contra ataques inimigos.

Essa estratégia é mencionada em 2 Crônicas, que descreve como Ezequias mobilizou um grande número de pessoas para auxiliar na construção do túnel, garantindo o abastecimento de água para os habitantes de Jerusalém e, ao mesmo tempo, impedindo o acesso dos assírios à água.

O relato bíblico detalha que, ao perceber a aproximação das forças de Senaqueribe com a intenção de atacar Jerusalém, Ezequias, junto a seus oficiais e guerreiros, planejou interromper o fluxo das fontes de água localizadas fora da cidade. Um grande número de pessoas foi reunido para bloquear todas as nascentes e o riacho que atravessava a região, com o objetivo de negar recursos hídricos aos invasores assírios.

A ausência de água compromete a sobrevivência, especialmente em uma cidade próxima ao Deserto da Judeia, onde o recurso é escasso. Jerusalém se desenvolveu inicialmente devido à presença da nascente de Giom, localizada ao norte da atual Cidade Antiga. A água dessa nascente é transportada por um canal subterrâneo até o tanque de Siloé por meio do Túnel de Ezequias, também conhecido como Túnel de Siloé. A abundância de água proveniente dessa nascente é mencionada por Flávio Josefo em Guerras Judaicas V, capítulo 4, seções 1 e 2.

De acordo com o site da Cidade de Davi, a água emerge do solo a uma taxa de aproximadamente 75.000 litros por hora, o equivalente a cerca de 50.000 garrafas de 1,5 litro, totalizando 650.000 metros cúbicos por ano. Apesar dessa abundância, a nascente de Giom é capaz de suprir apenas as necessidades diárias de aproximadamente 500.000 pessoas.

Leia também: A Série “Casa de Davi” é biblicamente precisa?

O projeto de construção conduzido por Ezequias garantiu que a fonte de água fosse protegida e ocultada por muralhas, permitindo o acesso da cidade à água durante períodos de cerco.

Para frustrar o rei Senaqueribe e seu exército assírio, duas equipes de trabalhadores esculpiram o túnel através de rocha sólida utilizando apenas ferramentas primitivas e determinação, começando de extremidades opostas. Esse feito de engenharia, possivelmente auxiliado por sinais sonoros emitidos da superfície, resultou na conexão bem-sucedida das duas frentes de escavação no ponto médio do túnel.

A famosa inscrição de Siloé, que registra esse momento histórico, foi descoberta em 1880 por duas crianças judias que exploravam o túnel. O professor delas, Conrad Schick — pesquisador alemão, arquiteto e residente em Jerusalém — seguiu os jovens até o local para investigar a descoberta.

Escrita pelos pedreiros há mais de 2.700 anos, a inscrição relata a alegria dos trabalhadores ao ouvirem uns aos outros pouco antes de romperem a última barreira e unirem os dois segmentos do túnel, completando assim o projeto, conforme relatado pelo site da Cidade de Davi.

Embora fosse comum comemorar projetos de construção em todo o Oriente Médio, essa é a primeira inscrição encontrada em hebraico, utilizando o alfabeto Paleo-Hebraico. A inscrição data do século VIII a.C., correspondente ao período do reinado do rei Ezequias mencionado na Bíblia.

De acordo com Gabriel Barkay, professor sênior de arqueologia na Universidade Bar-Ilan, o texto da inscrição diz o seguinte:

“Eis o túnel. Este é o relato sobre o túnel. Enquanto os cortadores de pedra erguiam o machado, um homem em direção ao seu vizinho, e enquanto restavam três côvados para serem cortados, a voz de um homem podia ser ouvida chamando seu vizinho, pois havia apenas um desvio lateral (Heb. zadah) na face da rocha [onde deveriam se encontrar], à direita e à esquerda, e no dia em que o túnel estava sendo escavado, os cortadores de pedra golpearam cada um diante de seu vizinho, machado contra machado, e as águas da nascente fluíram para o tanque por uma distância de 1.200 côvados. Agora, cem côvados era a altura acima da cabeça dos cortadores de pedra.”

O túnel possui 533 metros de comprimento (1.750 pés), com um declive gradual que permite que a água seja conduzida de um lado da cidade ao outro. Juntamente com um túnel construído por Eupálio na Grécia no século VI a.C., o Túnel de Ezequias é considerado uma das maiores obras de engenharia hídrica do período pré-clássico.

A Bíblia também elogia o projeto de Ezequias no Livro de 2 Reis: “Quanto aos demais atos de Ezequias, e todo o seu poder, e como fez o tanque e o canal e trouxe água para a cidade, porventura não estão escritos no Livro das Crônicas dos Reis de Judá?” (2 Reis 20:20).

Leia também: Qual é a Melhor Bíblia de Estudo?

O Tanque de Siloé é mencionado novamente nas escrituras, desta vez no Novo Testamento. Em João 9, Jesus cura um homem cego ao colocar barro em seus olhos e instruí-lo a lavar-se no Tanque de Siloé.

O texto explica que “Siloé” significa “enviado” em hebraico, provavelmente em referência ao modo como a água era canalizada pelo túnel de uma parte da cidade para outra. Na narrativa de Jesus, o termo assume um significado mais profundo, já que o homem curado é “enviado” como testemunha diante dos líderes religiosos. Esses líderes enfrentam dificuldades para aceitar que aquele que foi profetizado como capaz de curar cegos — o Messias — estava diante deles.

Atualmente, o túnel e o tanque são considerados evidências concretas da precisão bíblica, reforçando a confiabilidade das escrituras e desafiando o ceticismo.

Referência: All Israel News

Deixe um comentário