O que a Bíblia diz sobre tatuagens?

Uma das perguntas mais comuns relacionadas à Bíblia pesquisadas online é: “O que a Bíblia diz sobre tatuagens?”.

Dado que esse é um questionamento frequente, é relevante analisar o que as Escrituras mencionam sobre tatuagens e identificar se existem princípios que podem ser aplicados a partir dos ensinamentos bíblicos.

A crescente popularidade das tatuagens

A popularidade das tatuagens tem crescido significativamente nos últimos anos. Uma pesquisa revelou que aproximadamente 30% da população dos Estados Unidos possui ao menos uma tatuagem, sendo que 92% desse grupo não expressa arrependimento em relação às suas tatuagens.

Além disso, outro levantamento apontou que, em 2022, 40% dos jovens com menos de 40 anos tinham pelo menos uma tatuagem, um aumento considerável em comparação com os 21% registrados em 2019.

Esses dados confirmam a tendência observada de aumento na popularidade das tatuagens.

Razões pelas quais as pessoas fazem tatuagens.

As motivações para fazer uma tatuagem podem variar bastante.

Entre os motivos mais comuns, incluem-se:

  • A busca por distinção ou originalidade.
  • A associação com experiências militares ou outros grupos específicos.
  • A homenagem à memória de alguém querido.
  • A expressão de sentimentos relacionados a experiências marcantes na vida, utilizando a tatuagem como forma de manifestar emoções.
  • A expressão artística, considerando a tatuagem como uma obra de arte.
  • A tentativa de disfarçar inseguranças relacionadas ao próprio corpo, utilizando tatuagens para cobrir características indesejadas.

Essas são apenas algumas das razões que podem levar alguém a fazer uma tatuagem, sendo possível que uma pessoa tenha múltiplas motivações simultaneamente.

Um versículo da Bíblia menciona tatuagens.

Há um versículo na Bíblia que menciona tatuagens diretamente, localizado no Antigo Testamento, em um trecho que trata de práticas comuns entre culturas pagãs próximas ao povo de Israel.

O versículo diz:

“Não comereis coisa alguma com o sangue; não praticareis adivinhação, nem feitiçaria. Não cortareis o cabelo dos lados da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da vossa barba. Não fareis cortes no vosso corpo por causa dos mortos, nem fareis marca alguma sobre vós: Eu sou o Senhor. Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se, para que a terra não se entregue à prostituição, nem se encha de perversidade.” (Levítico 19:26-29)

As práticas mencionadas nesse trecho eram comuns entre as sociedades que adoravam ídolos ao redor de Israel. Evidências indicam que, em Canaã, em vez de marcar o corpo com tinta, eram utilizadas práticas mais severas, como escarificação, cortes profundos ou queimaduras na pele, frequentemente realizadas por razões ritualísticas ou em rituais de luto (1 Reis 18:28).

O propósito da proibição parece estar relacionado à rejeição de práticas pagãs usadas para honrar deuses idolatrados ou realizar rituais funerários.

No entanto, é importante considerar que os cristãos hoje vivem sob o novo pacto estabelecido por Cristo, que substituiu o antigo pacto da Lei de Moisés (Efésios 2:14-16; Colossenses 2:13-14; Hebreus 8:7-13). Dessa forma, os mandamentos específicos da Lei Mosaica não são mais aplicáveis como obrigações para os cristãos atualmente (Colossenses 2:16-17).

O Novo Testamento, sob o qual os cristãos vivem hoje, não faz qualquer menção específica a tatuagens. Embora tatuagens fossem comuns durante o período do Novo Testamento — especialmente entre escravos, gladiadores e criminosos romanos —, o silêncio das Escrituras sobre o tema sugere que não havia uma preocupação específica sobre o uso de tatuagens dentro do novo pacto.

Além disso, enquanto algumas tatuagens ainda podem estar associadas a práticas religiosas ou cultos idólatras em certas culturas, na maioria dos casos hoje, especialmente nos Estados Unidos, as tatuagens não possuem conexão com idolatria. Também não estão mais ligadas a práticas de escravidão, já que a escravidão foi abolida no país em 1865.

Tatuagens são uma questão de consciência

A questão das tatuagens pode ser considerada um assunto de consciência individual. Esse tipo de questão é frequentemente identificado como um “assunto de Romanos 14”, ou seja, algo que cada pessoa deve avaliar de acordo com sua própria consciência.

É recomendado evitar tatuagens que estejam relacionadas aos “desejos da carne” mencionados em Gálatas 5:19-21, como impureza, sensualidade ou práticas de idolatria. No entanto, se uma tatuagem não se enquadra nessas categorias, entende-se que existe liberdade em Cristo para decidir sobre o assunto.

O trecho de Romanos 14:1-12 orienta os cristãos a não julgarem uns aos outros em questões que envolvem julgamento pessoal ou consciência. Além disso, o texto destaca a importância de não permitir que questões de liberdade cristã se tornem um obstáculo para outros (Romanos 14:13-23).

Embora não se deva impor questões de consciência a outras pessoas, é importante considerar que nem todos compartilham da mesma compreensão sobre esses assuntos. Por isso, é recomendado que os cristãos ajam com sensibilidade e respeito, evitando que suas decisões sejam motivo de tropeço para os demais.

Então, fazer uma tatuagem é pecado?

A obtenção de uma tatuagem não é considerada pecaminosa, desde que o desenho ou símbolo escolhido não esteja relacionado a algo pecaminoso em si, como os comportamentos mencionados nos “desejos da carne” em Gálatas 5:19-21 (impureza, sensualidade, idolatria, entre outros). Além disso, é essencial que a decisão de fazer uma tatuagem não vá contra a própria consciência.

A compreensão é de que existe liberdade em Cristo para decidir sobre esse assunto, desde que não haja violação da consciência pessoal e que se tenha cuidado para não se tornar um motivo de tropeço para outras pessoas.

Leia também: A visão da Bíblia sobre o pecado sistêmico

Romanos 15:1 ensina que “os fortes devem suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a si mesmos”, destacando a importância de agir com sensibilidade e consideração em relação à fé e consciência dos outros.

Portanto, se a decisão de fazer uma tatuagem vai contra a consciência de alguém, é recomendado que essa pessoa se abstenha. Ao mesmo tempo, é importante não impor opiniões pessoais sobre tatuagens a outras pessoas, especialmente quando se trata de uma questão de liberdade de consciência.

Referência: Centered On Christ

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