As vendas da Bíblia no Reino Unido registraram um crescimento significativo, de acordo com dados recentes, com editores atribuindo esse aumento ao crescimento da espiritualidade entre a Geração Z.
Entre 2019 e 2024, as vendas aumentaram 87%, passando de £2,69 milhões para £5,02 milhões, segundo informações do SPCK Group, um grupo editorial cristão, com base em transações monitoradas pela Nielsen Book Data.
A Nielsen também apontou que a categoria mais ampla de “Bíblias e liturgia” cresceu de £7 milhões em 2019 para £8,1 milhões em 2024, um aumento expressivo em comparação com os £5 milhões registrados em 2008.
Enquanto as vendas de livros de ficção continuam em alta, o interesse por livros de não ficção tem diminuído, com uma queda de 6% entre 2023 e 2024, segundo a Nielsen. No entanto, livros sobre religião têm seguido uma tendência oposta. De acordo com a empresa, os gastos com livros religiosos atingiram £25,2 milhões no ano passado, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior.
A Sociedade Bíblica destacou que a edição Good News Bible – The Youth Edition, lançada em 2018, se tornou a mais popular entre suas publicações, com as vendas quase dobrando desde 2021. Essa edição conta com explicações adicionais para auxiliar na compreensão de passagens importantes, além de infográficos e espaços para anotações.
Embora seja amplamente assumido que a religiosidade tenha diminuído com cada nova geração, os dados indicam que a Geração X (nascidos entre 1965 e 1980) apresenta os menores índices de religiosidade.
Uma pesquisa recente revelou que 25% da Geração X se identifica como ateísta, enquanto entre os millennials (nascidos entre 1981 e 1996) essa proporção cai para 20%. Já entre a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), apenas 13% se declaram ateus, sugerindo um possível ressurgimento do interesse pela espiritualidade.
A Geração Z é uma geração espiritual?

Embora o número de pessoas no Reino Unido que se declaram sem religião tenha aumentado de 15% no censo de 2001 para 37,5% em 2021, muitos jovens se identificam como “espirituais” sem necessariamente seguir uma das principais religiões. Esse fenômeno pode estar relacionado à redução do número de crianças e adolescentes nas congregações da Igreja da Inglaterra.
Uma pesquisa realizada em janeiro revelou que 62% dos jovens entre 18 e 24 anos se consideram “muito” ou “bastante” espirituais, em comparação com apenas 35% das pessoas com mais de 65 anos.
De acordo com Sam Richardson, CEO do grupo editorial SPCK, os dados de vendas de Bíblias refletem uma mudança cultural significativa em relação à fé e à religiosidade. Segundo ele, o ateísmo, antes visto como uma posição predominante entre adultos racionais, já não exerce a mesma influência, e a Geração Z tem estatisticamente menos propensão a se identificar como ateísta em comparação com seus pais.
Richardson destacou que eventos como a pandemia de Covid-19 e a crise de saúde mental fizeram com que muitas pessoas refletissem mais profundamente sobre sua espiritualidade, buscando suas próprias respostas por meio da leitura de livros cristãos e da Bíblia.
Mark Woods, da Sociedade Bíblica, apontou que o aumento nas vendas da Bíblia ocorre tanto por jovens que compram exemplares para si mesmos quanto por pais que adquirem para seus filhos. Além disso, igrejas e escolas também contribuem para essa demanda ao adquirir exemplares para grupos de jovens e alunos. Ele ressaltou que há um crescente reconhecimento de que a Bíblia possui mensagens relevantes para os jovens e um esforço para torná-la mais acessível a esse público.
Stephen Evans, diretor executivo da National Secular Society, afirmou que os dados refletem a diversidade de formas como as pessoas no Reino Unido buscam significado em suas vidas, dentro do cenário religioso e filosófico em constante mudança do país. Ele também destacou a importância da separação entre instituições religiosas e o Estado, garantindo que cada indivíduo possa seguir seu próprio caminho sem influências institucionais ou imposições externas.
Entre as edições mais vendidas da Bíblia, destacam-se a New International Version e a Good News Bible, que superam a tradicional versão King James em popularidade.
A análise sobre o crescimento da espiritualidade entre os jovens da Geração Z no Reino Unido pode ser aplicada ao contexto brasileiro, considerando as particularidades culturais e religiosas do país. O Brasil possui uma tradição religiosa forte, com o cristianismo sendo predominante, mas também apresenta um aumento no número de pessoas que se identificam como “sem religião” ou que seguem crenças espiritualizadas sem vínculos institucionais.
Assim como no Reino Unido, há uma tendência crescente entre os jovens brasileiros de buscar uma espiritualidade mais individualizada, muitas vezes desconectada de religiões tradicionais. Esse fenômeno pode ser observado na popularidade de movimentos como o cristianismo não denominacional, a espiritualidade holística e o interesse por práticas meditativas e de autoconhecimento.
Outro fator que reforça essa tendência no Brasil é o impacto de eventos recentes, como a pandemia de Covid-19, que levou muitas pessoas a refletirem sobre questões espirituais e existenciais. Durante esse período, houve um aumento significativo no consumo de conteúdos religiosos e espirituais online, incluindo transmissões ao vivo de cultos, palestras e estudos bíblicos.
Esse movimento indica que, embora o número de frequentadores de igrejas tradicionais possa estar diminuindo, a busca por espiritualidade e fé continua sendo uma necessidade relevante para a sociedade, especialmente entre os jovens. A popularidade de Bíblias voltadas para o público jovem, com linguagens mais acessíveis e elementos gráficos modernos, reflete essa busca por uma abordagem mais personalizada e próxima da realidade atual.
No Brasil, a aplicação desse estudo também pode ser observada na relação entre espiritualidade e bem-estar emocional. O aumento da ansiedade e dos transtornos mentais entre os jovens tem levado muitos a encontrarem na fé um suporte emocional.
Essa realidade tem impulsionado não apenas a venda de Bíblias e livros religiosos, mas também a participação em eventos espirituais, encontros de jovens e grupos de estudo. Assim como no Reino Unido, a Geração Z brasileira demonstra uma relação diferente com a religiosidade em comparação com gerações anteriores, não necessariamente rejeitando a fé, mas buscando formas mais flexíveis e adaptáveis de vivenciá-la.
Com conteúdo do: The Times

Sou Bruna Souza, redatora apaixonada pela Palavra de Deus. Escrevo para inspirar e fortalecer a fé, trazendo reflexões claras e acessíveis sobre a Bíblia. Meu objetivo é ajudar leitores a compreenderem as Escrituras e aplicarem seus ensinamentos no dia a dia, promovendo crescimento espiritual e conexão com Deus.